Um dos crimes mais brutais e impossíveis de esquecer em Santa Catarina acaba de ganhar um capítulo que incomoda, revolta e fere o senso de justiça de qualquer cidadão. O homem condenado por ajudar o próprio irmão a ocultar os corpos da ex-cunhada e dos dois sobrinhos — assassinados de forma covarde — deixou a prisão após pouco mais de um ano e agora cumpre pena em casa, usando tornozeleira eletrônica. Enquanto o Judiciário fala em progressão de regime, a sociedade revive o horror de um caso que marcou o Estado pela crueldade.
O crime que abalou Santa Catarina
O episódio ocorreu em 28 de agosto de 2024, quando Edinéia Telles, de 34 anos, e seus dois filhos, de 2 e 4 anos, foram executados dentro de casa pelo ex-marido. Uma sequência de violência que destruiu uma família e mobilizou forças policiais de Santa Catarina e do Paraná.
Após os disparos, o assassino não agiu sozinho. Ele chamou o irmão, que participou ativamente de toda a etapa de ocultação dos corpos: escondeu armas, ajudou a colocar as vítimas no porta-malas e incendiou o veículo, jogando-o em uma ribanceira em uma cidade vizinha. O carro carbonizado foi encontrado na manhã seguinte. A comoção foi imediata.
Prisão, confissão e morte do autor do triplo homicídio
O assassino fugiu, mas acabou localizado no Paraná. Confessou o triplo homicídio e foi encaminhado a um presídio de segurança máxima. Meses depois, foi encontrado morto na cela — sem explicação oficial sobre as circunstâncias.
Condenação do irmão e a redução da pena
Já o irmão, responsável por ocultar os corpos, foi condenado inicialmente a 6 anos e 8 meses, além de uma indenização de R$ 500 mil. Porém, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina entendeu que ele não participou diretamente dos assassinatos, apenas das ações posteriores.
Com isso:
Houve reconhecimento da atenuante pela confissão
Parte das acusações foi excluída
A indenização caiu de R$ 500 mil para R$ 30 mil
A pena final baixou para 4 anos e 5 meses
Essa redução abriu caminho para a progressão de regime.
Da cadeia para casa
Com pouco mais de um ano cumprido e a superlotação do Presídio Regional de Rio do Sul — 440 presos para 278 vagas — a Justiça autorizou a prisão domiciliar monitorada. A decisão segue:
A Súmula Vinculante 56 do STF
Uma portaria local que permite domiciliar quando não há vagas no semiaberto
A defesa afirma que tudo está dentro da legalidade e que o caso segue acompanhado.
A ferida que não fecha
A notícia reacende a dor da família de Edinéia e arranca da sociedade uma pergunta incômoda: até onde vai o limite entre legalidade e justiça moral?
Sim, a lei prevê progressão. Sim, o sistema precisa seguir regras.
Mas também é verdade que três vidas foram carbonizadas em um ato brutal, e alguém que ajudou a tentar apagar as provas desse massacre agora dorme em casa.
A tornozeleira monitora os passos dele.
A memória da tragédia, porém, segue monitorando a consciência de todos nós.
Fonte: Portal Oeste SC

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